2º Capítulo
Numa dessas volteadas, das tantas em que o andarilho acostumou-se; mal e mal clareava o dia, e de pronto deu jeito de “empessar” o fogo, cevar um mate á capricho, recostar as cambonas e de novo pegou a estrada pra andar por este pago de léguas, cujas distâncias se tornavam cada vez mais, parte da sua razão de ser. Deixava tudo encaminhado pra que alguém que levantasse primeiro na estância tomasse uns mates a mais antes de aprontar a lida do dia, para que assim, tivesse mais algum tempo para refletir sobre a vida; era a maneira que ele tinha de agradecer pelo pouso.
Seguiu então com seus pensamentos em reponte... mais adiante o sol (poncho da pampa) vinha surgindo, e a beira do corredor, bem d’onde havia uma vertente de água boa, com um bom tanto de terreno despachado “de a pézito no más”, parou pra matar a sede...bem sabia, do seu ponto de vista, que aquela água era uma benção de DEUS, pois já naqueles tempos, muito poucos tinham o privilégio de desfrutar de uma fonte de vida tão bem protegida dos atropelos inevitáveis da evolução, porque o tempo é o tempo e não para, mas por aquelas lonjuras ainda não havia chegado a mão do homem ganancioso; bueno... foi por lá que tirou a mala que trazia debruçada sobre o ombro e sem nem olhar se havia alguém por perto ajoelhou-se e puxou de um caneco alouçado para beber o necessário e depois seguir em frente; um gole e mais outro, e bem pro fim repetiu-se um ritual que somente um ser sensitivo poderia ter consigo:
- Com as duas mãos em forma de concha pegou um pouco de água para lavar a cara e sentir na pele mais um toque de vida. Depois, com a mão direita mais um pouco d’água, este agora para derramar sobre a cabeça e benzer-se fazendo o sinal da cruz e agradecer ao pai eterno novamente; olhos erguidos pra o céu, levantou-se do chão; quando se deu por conta, havia uma condução parada na beira do corredor com pessoas que admiravam com certo espanto todo aquele ritual. Um aceno apenas, e pôs a mala no ombro pra mais um tanto de estrada, sempre ao “despacito”; sequer indagou aos céus o porquê daqueles olhares tão admirados, tão surpresos e com um certo tipo de dúvida...pois, sabia que as coisas mais simples, pra muitos não são tão simples assim, e que depende de cada um saber sentir que DEUS está presente em tudo, a cada passo, cada gole de vida; quem sabe fosse esse motivo que lhe mostrasse a razão de prosseguir.
Meu amigo e irmão Zeca... Como sempre, ficarei a acompanhar mais este passo seu...
ResponderExcluirUm grande abraço...
Saudades muitas.
Tudo de bom pra ti e tua família.
Landy Lenz