segunda-feira, 16 de abril de 2012

Além de pedra e silêncio...

Todo silêncio é pouco...

    Talvez por isso, sigo mateando calado, enquanto a alma em manifestos dirige palavras aos dedos; palavras que brotam das inquietudes que trago no mais profundo do ser, principalmente quando por costumeiro revejo meus dias, e me pego a olhar a vida de longe, e as coisas ao meu redor...
     Como todo santo dia nesta passagem terrena, a existência revela fatos que acabam por habitar o pensamento dos seres humanos que ainda acreditam que nem tudo está perdido, e que a humanidade enfim irá reencontrar o caminho onde o bem há de imperar absoluto.
      Então, o silêncio mais uma vez brota sentido...
       No estado errante que nós homens nos encontramos sobre a terra, é inegável que todos temos a necessidade de evoluir moral e espiritualmente, para que possamos seguir a caminhada na direção de tudo aquilo que um dia nos revelará a plenitude do existir.As reflexões então me indagam sobre gestos e buscas que uns e outros fazem única e tão somente para alimentar o ego.
       Por tantas vezes testemunhamos homens dizendo uma coisa, e fazendo outra, tal como se o que dissessem fosse lhes isentar do que realmente pensam; e numa busca incessante pelo supérfluo acabam envolvidos pela puerilidade deste mundo, e, por conseguinte, esquecem suas obrigações para consigo e seus semelhantes, e junto á isso, deixam de somar ao porvir...
         Seria este o motivo para que o silêncio de quem observa, lhes mostrassem frios?
        -Que os desprovidos de compaixão pelo menos olhem pra os seus semelhantes como pra si mesmos, é respeitando que um ser se faz respeitado, é praticando a caridade que o ser se habilita a ter mais luz na caminhada.
         Quando aqueles que aqui se encontram estiverem além da vida, trilhando o caminho das sombras que eles mesmos seguiram, que DEUS e os espíritos de luz lhes confortem e lhes guiem, iluminando seus pensamentos para que tudo enfim se esclareça da melhor maneira possível. Que suas almas tenham perceptividade maior em relação á esta existência, e á tudo que fizeram sem pensar nas consequências. Mas, que ainda aqui, percebam antes tarde do que nunca, o quanto erraram, porque sempre há tempo pra se arrepender.
          
          Ah! E quanto á pedra...

          A pedra, apesar de mineral, por vezes é mais exemplar que muitos homens, pois, partindo do princípio que uma pedra jamais fere alguém por vontade própria, muito homem se torna mais frio que a própria pedra...
Por isso, deixem “os pedras” onde estão, e façam do além silêncio, uma prece á eles; infelizmente, entre nós, habitantes deste plano, ainda existe quem não valha uma pedra; além do mais, pedra é parte do caminho.
                                             
                                                                        
Por esta luz que me guia...                                                                       
                                                                                       Zeca Alves.
                                                                     06 de abril de 2012 - Sexta-feira santa
                                                                           Fazenda Joaquim Oliveira.
                                                                             Rio Grande –TAIM-RS

domingo, 1 de abril de 2012

O Homem e o rio

Não guardo agruras nem rancores do passado,
nem faço versos estimando a solidão...
em cada lágrima transcende um sentimento,
do rio que corre entre o olhar e o coração.

Se cada homem traz um rio dentro de si,
tem o dever de cultivar seu próprio leito;
pois, no espelho das águas de nossos rios,
só se reflete aquilo que temos feito.

São rios que a seca não castiga ou prejudica.
São rios da alma, sem início, meio, ou fim...
e no silêncio onde visito meus "recuerdos",
eu mato a sede e encontro a paz dentro de mim.

Quem foi chibeiro e atravessou seu próprio rio,
buscando a paz, deixou pra trás sua inocência.
Contrabandeou inquietudes sem perceber...
e assim se fez aprisionado em sua ausência.

Mas quem se fez um pescador no próprio rio...
matou a fome e assim também matou a sede;
E pôde ver que o sentimento não tem preço,
e tem apreço ao se deixar levar por ele.

                                                     Zeca Alves.

Vivência

 
          O velho pegou a estrada por força das circunstâncias,
          Cruzou pra lá da cancela, foi dando espalda pra estância...
          O que nunca imaginava, bem por certo aconteceu,
          Bombeou o avesso de um mundo que nada tinha de seu.

           Seguiu num rumo de ida, em direção ao povoado,
           Levando a sabedoria e a experiência no costado;
           Depois de um tempo passado, o velho foi mais além...
           Por ter se tornado exemplo, pela vivência que tem.

           O moço assumiu o comando quando o pai se fez ausente,
           Na sucessão ilusória, por moço, ou inexperiente;
           Mas as rompantes da idade trouxeram aprendizados,
           No tempo exato em que o moço ignorou seu passado.

           Foi “piazito” calça curta que em sua infância estancieira
           Vivia junto do velho, taura na lida campeira.
           Nem parece que sabia com quem foi que ele aprendeu
           As voltas certas da lida, porque não reconheceu.

           O tempo trouxe as respostas, pro velho, e o moço também,
           Quando a estância pegou fama de não parar mais ninguém;
           Pois quando não se perdiam, por carreirada e fandango,
           A escassês de homem campeiro dava vez pra um maturrango.

           Das tantas e tantas voltas, das voltas que a vida faz,
           O moço um dia deu volta pensando em voltar atrás...
           E o velho sem fazer conta, mostrou ao moço também,
           O quanto vale o passado, pra quem sabe de onde vem.

                                                                                                 Zeca Alves.