sexta-feira, 6 de maio de 2011

Passando um tento

                             

Deitado na porta de um rancho estancieiro
Um cachorro ovelheiro, espreguiça, com sono;
O tempo que passa, ajustou de caseiros
Em outra estância, o Coleira e seu dono.

 Na sombra espichada, beirando a cozinha,
 Boceja e se aninha, encostado na bota
 De quem por vaqueano enxergou que a velhice
 Traria outro encargo, e o serviço de volta.

Não sai mais pro campo na sombra do pingo,
Nem quando um campeiro, assoviando convida...
Empurra a cuscada mais nova e retorna
Que o tempo lhe cobra os trompassos da vida.

O tento ficou bem passado na trança
 Das braças de um laço chamado amizade,
 Que livra os tirões e se estende por conta,
 Firmando na cincha o peso da idade.

Quem, de outro serviço, largou-lhes por velhos,
As vezes visita pra ver como estão,
Então o Coleira o recebe com festa,
E faz da humildade uma grande lição.

 Assim o cachorro Coleira e seu dono
 Estão n’outra estância, e até mais feliz...
 Se medem palavras em tom de respeito,
 Sinal de quem pensa naquilo que diz.

                                                               Zeca Alves & Fabio Prates.

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