Deitado na porta de um rancho estancieiro
Um cachorro ovelheiro, espreguiça, com sono;
O tempo que passa, ajustou de caseiros
Em outra estância, o Coleira e seu dono.
Na sombra espichada, beirando a cozinha,
Boceja e se aninha, encostado na bota
De quem por vaqueano enxergou que a velhice
Traria outro encargo, e o serviço de volta.
Não sai mais pro campo na sombra do pingo,
Nem quando um campeiro, assoviando convida...
Empurra a cuscada mais nova e retorna
Que o tempo lhe cobra os trompassos da vida.
O tento ficou bem passado na trança
Das braças de um laço chamado amizade,
Que livra os tirões e se estende por conta,
Firmando na cincha o peso da idade.
Quem, de outro serviço, largou-lhes por velhos,
As vezes visita pra ver como estão,
Então o Coleira o recebe com festa,
E faz da humildade uma grande lição.
Assim o cachorro Coleira e seu dono
Estão n’outra estância, e até mais feliz...
Se medem palavras em tom de respeito,
Sinal de quem pensa naquilo que diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário