Um semblante de primavera,
Misto de flores e espinhos...
Se estendeu por toda estrada,
Projetou sombra e aguada
Por d’onde cruzo caminhos;
Fui dando espalda pro rancho,
Cruzei pra lá da cancela,
Sentei as garras no pingo,
Busquei a volta do estribo
C’oa mão canhota na rédea.
Na direção do horizonte
Meu pingo trocava orelha,
E a espora, dava o comando
Pra ele sair tranqueando,,
Riscando-lhe a barrigueira;
E o rancho, que eu mesmo fiz,
Nobre, e de simples valores,
Ganhou ar de despedida,
Virou tapera dormida
Aos olhos dos cruzadores.
Por gaudério, hoje, distante,
Mateio á sombra dos móleos,
O pingo livre da cincha,
Atado a soga, relincha,
Vejo a saudade em seus olhos;
Sai pra amansar distância
C’oa alma de olhar profundo,
Pois, nasci de alma andeja,
E desde piá, com certeza,
Sonhava andar pelo mundo.
Mas, se por acaso, o pingo
Relinchar com insistência,
Desato a soga, que, o tranca,
E dou-lhe um tapa na anca...
Pra que retorne a querência;
E sigo cruzando estrada,
Porque gaudério sou eu,
Dou um jeito “nos arreio”,
A maior riqueza que tenho
É esse mundo de DEUS.
Zeca Alves.